A crise climática já é uma realidade diária e latente na vida de milhares de pessoas. Isso ficou em evidência midiática nas últimas semanas, com calor extremo, enchentes devastadoras e secas severas de Norte a Sul do Brasil.
Limitar o aquecimento do planeta a 1,5°C, conforme aponta o Painel Intergovernamental de Mudanças Climáticas, é urgente para mudar esse cenário, conter o aquecimento global e permitir processos de mitigação e adaptação climática. Para isso, é necessária a transição da matriz energética fóssil, que emite os gases que agravam a crise do clima, para uma matriz renovável e diversa.
"No modelo de produção capitalista, tudo vira mercadoria. Ou, ao menos, há uma tendência para tudo virar mercadoria. Por que a energia estaria fora disso? Por que a transição energética estaria fora dessa dinâmica? Nós temos um debate. Quem vai conduzir esse processo? As empresas ou o povo?"
Gustavo Freire Barbosa
Advogado, mestre em direito constitucional pela UFRN e personagem de "Os parques eólicos do Rio Grande do Norte"
O processo de transição energética, contudo, não pode ser feito com desrespeito aos direitos humanos, direitos territoriais e direitos da Natureza.
A realidade tem revelado que, se temos uma matriz energética diferente em um mesmo sistema socioeconômico, as consequências também são devastadoras para grande parte das populações. O termo "energia limpa" vira mais uma apropriação do capitalismo. A discussão sobre matriz energética deve passar, invariavelmente, pela escuta ativa das comunidades atingidas pelos projetos energéticos.
"A gente pode gerar energia produzindo alimento, respeitando as comunidades, respeitando a fauna, convivendo com a fauna, agora não com esse modelo. Esse modelo e da forma que ele tem chegado, não funciona."
Moema Hofstaetter
Doutora em Turismo e Desenvolvimento pela UFRN, parceira do Observatório da Energia Eólica/UFC e personagem de "Os parques eólicos do Rio Grande do Norte"